Introdução

Sou mãe da Isabel, uma menina cheia de vida, curiosidade e um coração sensível. Meu coração transborda de amor por ela, e todos os dias agradeço a Deus pelo privilégio de ser sua mãe. Como qualquer mãe que deseja o melhor para sua filha, eu sonho que Isabel cresça forte, segura, bondosa e, acima de tudo, fiel ao Senhor. Mas sei que esse caminho de formação não é feito apenas de abraços e permissões. Muitas vezes, amar de verdade exige firmeza. É por isso que quero compartilhar com outras mães a importância de dizer “não”.

Educação Positiva e os Conflitos Bíblicos

A educação positiva tem ganhado destaque em nossa sociedade. Ela propõe uma relação de respeito, empatia e escuta ativa entre pais e filhos. Em muitos aspectos, essa abordagem tem contribuições válidas e pode ser vista como um contraponto à rigidez e ao autoritarismo do passado.

No entanto, como mãe que busca guiar a Isabel segundo a Palavra de Deus, preciso ponderar onde essas ideias se alinham com as Escrituras e onde se distanciam. A Bíblia nos ensina que o coração humano é inclinado ao erro e que as crianças precisam de direção e correção para não se perderem em seus próprios desejos. Em Provérbios 22:6 lemos: “Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele”.

A educação positiva, quando aplicada sem discernimento, pode nos levar a evitar qualquer forma de frustração na vida da criança, mesmo que isso signifique negligenciar o dever de ensinar limites. Mas a verdade é que frustrações fazem parte da vida, e aprender a lidar com elas é essencial para o crescimento.

Disciplina é Amor

Em Hebreus 12, a disciplina é apresentada como prova do amor de Deus por seus filhos: “Porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho” (Hb 12:6). Se Deus, como Pai, nos corrige, por que nós, como mães, teríamos medo de corrigir nossos filhos?

Dizer “não” não é rejeitar, não é reprimir, e muito menos castigar injustamente. Dizer “não” é amar com responsabilidade. É proteger. É formar o caráter. É ensinar que nem tudo se pode ter ou fazer, e que há um caminho de sabedoria que precisa ser aprendido.

Lembro-me de quantas vezes preciso dizer “não” à Isabel, mesmo diante de seus olhinhos suplicantes. Dizer “não” a um doce antes do jantar, a um brinquedo fora de hora ou a um comportamento desrespeitoso. Em cada “não” havia uma intenção de cuidado e uma oportunidade de ensinar algo maior do que o desejo do momento: o autocontrole, a gratidão, o respeito.

Educação Positiva X Bíblia

Há quem veja a educação positiva como uma forma mais “moderna” de lidar com as crianças, rejeitando a noção de disciplina como algo ultrapassado. Mas a verdade é que a Palavra de Deus é viva e eficaz, não muda com o tempo, e continua sendo o guia mais seguro para educar.

A criança precisa de afeto, sim. Mas também precisa de limites claros. A Bíblia não é um manual de rigidez, mas também não é um convite à permissividade. Deus, nosso Pai perfeito, combina perfeitamente amor e justiça. E é esse o modelo que devemos seguir como pais.

Quando permitimos que a criança seja guiada apenas por suas vontades, não estamos respeitando sua individualidade; estamos entregando-a ao engano de um coração imaturo. Por isso, a Bíblia nos convida a ser pastores do coração dos nossos filhos, ensinando, corrigindo, guiando.

Os Frutos de uma Disciplina Amorosa

Ao longo do tempo, percebo que os frutos do “não” colhidos em amor são doces. Vejo isso na Isabel, nas pequenas atitudes do dia a dia: quando ela espera sua vez, quando pede desculpas, quando reconhece um erro e tenta fazer melhor. São filhos que sabem esperar, que sabem ouvir, que reconhecem a autoridade com naturalidade. Não por medo, mas por confiança. Porque disciplina não é grito, não é agressão, não é opressão. É presença firme, é olhar atento, é ensaio constante do amor que guia para a vida.

Nossos filhos não precisam de mães perfeitas, mas de mães que amam com verdade. E a verdade, muitas vezes, vem acompanhada de um “não”.

Corrigir com Firmeza e Doçura

Jesus foi o maior exemplo de amor e verdade. Ele sabia quando acolher e quando repreender. Como mãe, sou chamada a agir como Ele: com doçura e firmeza. O “não” dito com paciência, com empatia, com explicação e constância, se torna um alicerce seguro no coração da minha filha.

Mesmo que doa no momento, mesmo que gere choro e birra, o “não” educa. E com o tempo, esse “não” se transforma em gratidão. Em frutos de obediência, responsabilidade e maturidade.

O Perigo de Evitar Conflitos

Vivemos numa cultura que teme o conflito e que valoriza a satisfação imediata. Como mães, somos constantemente pressionadas a agradar, a negociar tudo, a evitar o “não” para não sermos vistas como duras demais. Mas precisamos lembrar: educar não é agradar, é formar. E a formação exige confronto, correção, exige lidar com a verdade.

Mães que evitam dizer “não” para manter a paz momentânea colhem filhos que se tornam inseguros, imaturos e desrespeitosos. A autoridade, quando bem exercida, traz segurança emocional. A ausência dela gera confusão.

Conclusão: O Valor Eterno do “Não”

Querida mãe, talvez você também tenha uma filha como a minha Isabel. Talvez, como eu, seu coração se aperte ao precisar dizer “não”. Mas quero te encorajar: não desista de educar com amor e verdade.

O “não” que você diz hoje pode ser a proteção que livrará sua filha de escolhas erradas no futuro. Pode ser o freio que a ensinará a dominar suas emoções, a respeitar os outros, a buscar a vontade de Deus acima da sua.

A educação cristã não é feita apenas de palavras doces, mas também de verdades firmes. E é nesse equilíbrio entre a graça e a verdade que formamos filhas e filhos fortes, sensíveis e preparados para a vida.

Que Deus nos dê sabedoria, coragem e amor suficiente para dizer “não” quando for necessário. Porque no fim das contas, o “não” também é uma forma de dizer: “Filha, eu te amo”.