Amizades que Vêm do Senhor: Um Chamado à Comunhão Verdadeira entre Mulheres Cristãs

“O único amor que não é utilitarista é o amor que vem do Senhor.”

Vivemos tempos em que as conexões são rápidas, mas superficiais. As redes sociais nos dão a impressão de estarmos cercadas de pessoas, mas a verdade é que, muitas vezes, nos sentimos sozinhas. Como mulheres cristãs, esse vazio nos desafia a olhar novamente para o que significa amizade verdadeira, aquela que nasce não da conveniência, mas da graça e do amor do Senhor.


1. Quando a amizade amadurece

Eu me lembro de quando era mais nova. Na adolescência e juventude, a amizade parecia tão simples. A gente se aproximava de quem gostava das mesmas músicas, das mesmas roupas, das mesmas ideias. Havia leveza, risadas e cumplicidade — mas tudo muito ligado a identidades momentâneas, à fase da vida em que estávamos.

Com o tempo, isso muda. A vida adulta chega com responsabilidades, casamento, filhos, trabalho, ministério. E, com ela, as amizades passam a exigir algo mais profundo do que afinidades: propósito. Hoje percebo que o que realmente sustenta uma amizade madura é compromisso espiritual — estar unidas em Cristo, mesmo quando os caminhos e os ritmos da vida são diferentes.

Romanos 15:5-6
“O Deus da perseverança e da consolação vos conceda o mesmo modo de pensar de uns para com os outros, segundo Cristo Jesus; para que concordemente e a uma voz glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.”

Amadurecer é perceber que o que nos une não é mais o gosto musical, a moda, ou o tempo livre. É a Palavra de Deus.
É o mesmo Espírito que habita em nós e nos chama à comunhão verdadeira.


2. O amor que não busca retorno

O mundo nos ensina que amar é trocar. “Eu te dou atenção se você me der também.” “Eu te considero se você me responde.”
Mas o amor que vem do Senhor não é utilitarista — ele não busca retorno, não mede esforços, não cobra reciprocidade.

Nós amamos porque fomos amadas primeiro.

1 João 4:19
“Nós amamos porque Ele nos amou primeiro.”

Esse é o amor que precisamos aprender a viver entre nós, mulheres cristãs.
Amar mesmo quando não recebemos mensagem de volta.
Amar mesmo quando a amiga se afasta porque está sobrecarregada com a vida.
Amar mesmo quando não é correspondido no mesmo nível.

C.S. Lewis, em Os Quatro Amores, diz que a amizade cristã acontece quando duas pessoas olham não uma para a outra, mas juntas para Cristo.
Isso muda tudo. Porque deixa de ser sobre “nós duas” e passa a ser sobre Ele.
E quando o centro é Cristo, há liberdade para amar sem cobrança, sem comparação, sem competição.


3. Amizades superficiais x Amizades redentoras

Hoje vivemos uma geração de amizades superficiais — e muitas vezes, sem perceber, levamos essa superficialidade também para dentro da igreja. Queremos amizades leves, divertidas, que nos façam rir e distrair, mas evitamos aquelas que nos confrontam e nos edificam.
E, no entanto, a verdadeira amizade cristã é aquela que nos aproxima da santidade.

Provérbios 27:17
“Assim como o ferro afia o ferro, o homem afia o seu companheiro.”

Amizade cristã é aquela que tem coragem de dizer:
“Amiga, isso não está de acordo com a Palavra.”
E diz com amor, não com julgamento.

Ela ora conosco, nos aconselha, nos confronta com ternura, e se alegra com nossas vitórias.
Não é sempre leve — mas é verdadeira.
É o tipo de amizade que nos transforma.

John Piper escreve:

“A raiz do amor cristão é a alegria em Deus, que busca expandir-se na alegria do outro.”
Ou seja, amar alguém em Cristo é desejar que ela encontre prazer em Deus, mesmo que isso signifique momentos de desconforto ou confronto.


4. O desafio da expectativa

Como mulheres, muitas vezes somos movidas pelo afeto. Queremos atenção, reciprocidade, cuidado.
E quando não recebemos isso de volta, vem a frustração:
“Ela não me respondeu.”
“Ela não se importa mais.”
“Ela se afastou.”

Mas o Espírito Santo nos ensina um caminho diferente.
Ele nos chama a amar sem esperar retorno, a servir mesmo quando não há reconhecimento.

Filipenses 2:3-4
“Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo.
Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros.”

Essa é a essência da amizade que vem do Senhor:
serviço, entrega, graça e paciência.
E, curiosamente, quando aprendemos a amar assim, encontramos a verdadeira liberdade.


5. A força das mulheres unidas em propósito

Quando mulheres cristãs se unem com o mesmo propósito — viver para a glória de Deus — algo poderoso acontece.
A igreja é fortalecida. O lar é edificado. A fé das gerações futuras é moldada.
A comunhão se torna uma arma contra o desânimo e a solidão.

Eclesiastes 4:9-10
“Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho.
Porque se caírem, um levanta o companheiro.”

Mulheres que oram juntas, choram juntas, e se sustentam mutuamente em fé são instrumentos nas mãos do Senhor.
Elas não competem — cooperam.
Não comparam — consolam.
Não isolam — intercedem.

Como escreveu Jonathan Edwards em Caridade e Suas Frutas:

“O amor cristão é a beleza e a vida da igreja. Ele é o reflexo do próprio coração de Cristo.”


6. Quando a amizade encontra o testemunho das mães

E é aqui que entra algo precioso: o testemunho das mães para os filhos.
Muitas vezes, nossas amizades e atitudes são o primeiro evangelho que nossos filhos leem.
Eles observam como tratamos as pessoas, como perdoamos, como reagimos quando somos feridas.

Uma mãe que vive amizades piedosas ensina sem palavras.
Quando um filho vê sua mãe orando por uma amiga, servindo alguém, ou se reconciliando humildemente, ele aprende o que é o amor cristão na prática.
A casa se torna uma pequena igreja, um ninho sagrado — onde o amor de Deus é visível nas relações mais simples.

2 Timóteo 1:5
“Recordo-me da tua fé não fingida, que primeiro habitou em tua avó Lóide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti.”

A fé é transmitida por meio do exemplo.
E uma das formas mais fortes de testemunhar Cristo aos nossos filhos é viver amizades verdadeiras diante deles.
Eles precisam ver que o Evangelho muda também a maneira como amamos e nos relacionamos.


7. Quando a amizade é discipulado

Amizade entre mulheres cristãs é também discipulado.
É olhar para a outra e dizer: “Caminhe comigo, vamos crescer juntas.”
É partilhar as alegrias e as dores da vida, mas sempre apontando uma à outra para Cristo.

Tito 2:3-5 nos ensina que as mulheres mais velhas devem ensinar as mais novas — e isso acontece naturalmente quando cultivamos comunhão.
Nossas conversas, encontros e orações se tornam sementes de sabedoria e cuidado espiritual.

Tito 2:3-5
“As mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias no seu proceder… para que ensinem as mulheres novas a amarem seus maridos e filhos, a serem prudentes, puras, boas donas de casa, sujeitas a seus maridos, para que a palavra de Deus não seja blasfemada.”

O discipulado não é um programa da igreja; é uma amizade santa.
E amizades assim deixam marcas eternas.


8. Amizade e reconciliação: um espelho da graça

Amar não é fácil.
Amizades verdadeiras exigem perdão, humildade e reconciliação constante.
Mas é justamente aí que mais se manifesta a graça de Deus.

Colossenses 3:13-14
“Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós. Acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição.”

Quando perdoamos, estamos mostrando Cristo.
Quando insistimos na comunhão, mesmo feridas, mostramos que a cruz é mais forte do que o orgulho.
E é isso que transforma as amizades em testemunhos vivos da redenção.


9. O chamado final: amar como Cristo amou

No fim das contas, tudo volta ao primeiro amor.
O único amor que não é utilitarista é o amor que vem do Senhor — porque Ele nos amou sem precisar de nós.
Ele nos amou quando ainda éramos pecadoras (Romanos 5:8).
E esse amor é o modelo para todas as nossas relações.

Quando deixamos que o amor de Cristo molde nossa forma de amar, servir, perdoar e caminhar com outras mulheres, nossas amizades se tornam um reflexo do Evangelho.


🌷 Conclusão

Que nossas amizades não sejam motivadas por necessidade, carência ou conveniência,
mas por devoção, comunhão e propósito eterno.

Que sejamos mulheres que edificam outras mulheres.
Que nossos filhos vejam em nós o testemunho de um amor paciente, fiel e cheio de graça.
E que, em cada amizade, o nome do Senhor seja exaltado.

Efésios 4:2-3
“Com toda humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, procurando diligentemente guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz.”


🕊️ Reflexão final:

Amar como Cristo é o maior testemunho que podemos deixar —
para nossas amigas, para nossos filhos e para o mundo que observa.
Que nossas amizades sejam, de fato, um ninho sagrado de amor, comunhão e graça.

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